quarta-feira, 4 de julho de 2007

Quem somos nós?

Texto do dia 09/05/2006 relatando um filme que fui ver no Cinema com este mesmo título

Amanda encontra-se numa fantástica experiência ao estilo ”Alice no País das Maravilhas” enquanto seu monótono cotidiano começa a se desmanchar. Esta situação revela o incerto mundo escondido por trás daquilo que costumamos considerar realidade. Amanda mergulha num turbilhão de ocorrências caóticas que revelam um profundo e oculto conhecimento do real. Ela entra em crise e questiona o sentido da existência humana.
FONTE: http://cinema.uai.com.br/

Hoje farei uma crônica de cinema. Na verdade uma crônica dos 30 minutos que consegui ver do filme QUEM SOMOS NÓS? Sem sombra de dúvida a experiência mais surreal que já tive em um cinema em toda a minha vida.

Bom, mas vamos do inicio. Cheguei ao Unibanco Belas Artes às 20:37 acompanhado de minha namorada. O Filme começava as 21:10 e resolvi comer um Crepe enquanto esperava.

Acho que foi uma das melhores coisas que fiz. Porque engolir esse filme de estômago vazio ia ser difícil.

O Crepe, de frango com catupiri ao molho sugo, com pitadas e manjericão caiu muito bem acompanhado de uma Coca-Cola Light .


Aqui, quero fazer um adendo. Vocês já experimentaram a nova Coca Light? Está perfeita. Principalmente a de lata. Muito boa mesmo. Não recebo nada da gigante americana por isso, mas como dizia minha endocrinologista: “Já que não tem nada que presta no refrigerante, que pelo menos não engorde não é?”

Mas voltando ao cinema, comi o crepe, tomei a coca e lá fomos ao filme. Sentamo-nos ao centro da sala, aproximadamente na quinta fila. Bem próximo a tela. A sala se escureceu, as pessoas pararam de chegar e a grande e mágica telona se acendeu. Primeiro uma chamada solicitando que se desligassem os celulares – o meu assim estava já há algum tempo. Depois um comercial, mais outro e um terceiro. Parei de contar quando já eram uns cinco os comerciais e me distraí em pensamentos.

Mais um tempo e o primeiro trailer. Um documentário chamado Homem Urso, ou algo assim. Pareceu-me interessante, mas não faz meu tipo. Depois mais um trailer. Um filme francês, me parece. Achei este bem interessante. Seu nome é Cachê. Com certeza, quando sair, vou procurá-lo.

Acabam-se os trailers, vem o filme. Começo confuso. Locução em OFF e imagens do cosmos mescladas a bolhas com faces fazendo discursos sobre Física Quântica. Contextualizando, eu pensei. De repente uma explosão tipo Big Bang e lá vamos nós!

Contextualizando? Se é que havia algum contexto neste filme, era sobre Física Quântica mesmo. Na verdade, de filme, os meus 30 minutos na sala não identificaram nada. Nem como documentário eu poderia classificar. Mais me parecia mais um daqueles programas antigos sobre ciência que às vezes passam no Discovery Channel.

Uma mistura de cenas desconexas de uma mulher tendo uma viagem sobre sua existência, mescladas a entrevistas com cientistas com cara de “ciência alternativa”. Sabe, aqueles cientistas que falam coisas malucas e que sempre vão contra as convenções da massa.

Pois bem. Não sei ao certo se os caras são ou não contestáveis. Sei que, se isto era um filme, esqueceram de avisar pro diretor. Se era um documentário, acho que ele deveria ter a seguinte citação em sua sinopse: “RECOMENDADO PARA ESTUDANTES DE FÍSICA E FILOSOFIA”. Por que é isso que parece, um filme didático. Uma explicação com exemplos.

Vou explicar melhor. Em uma dada cena lá o cara fala que tudo que vemos é um conexão entre nossa visão e as impressões gravadas em nosso cérebro. Se não vermos a imagem, estas conexões podem distorcê-la ao infinito, fazendo com que as cenas se modifiquem. Entendeu? Nem eu. Mas ai ele mostra um moleque jogando basquete, picando a bola contra o chão, e a personagem principal – se é que isso é uma personagem – olhando pra ele. Quando ela desvia o olhar, surgem infinitas bolas se chocando contra o chão, quando ela volta a olhá-lo as bolas somem. Hudinni? Não meus queridos, Física Quântica!

Por falar na personagem, como a própria sinopse apresenta. Ela está em uma constante viagem. E isso só ficou claro pra mim quando li a sinopse porque, ate então, ela não era uma personagem e isso não era um filme. Era sim uma aula filmada. Um Tele curso Segundo Grau no cinema. E ela uma cobaia. Assim me pareceu.

Bom. E o filme andava e eu me irritava e o filme não mudava e minha frustração me dominava. Olhava pro lado, pra minha companhia, e ela fazia cara de interesse. Olhava pros outros espectadores e todos olhavam a tela com atenção. Um casal do meu lado até dava algumas risadas. De que, realmente eu não sei. Sei que me enchi. Perguntei a minha namorada se era isso mesmo que viemos ver e a avisei que ali não ficava mais. Saí. Pela primeira vez na minha vida, deixei o cinema no meio (sei lá se era o meio mesmo) do filme.

Foi a melhor coisa que fiz. Desci ao café do cinema, olhei a livraria e pra lá fui passar o tempo. Escolhi um livro – Ensaios Sobre a Cegueira, do Saramago – muito bem recomendado por diversos amigos.

Quando pagava, vi minha namorada chegar ao meu lado. Acho que la também não aguentou.

Melhor assim. Cheguei em casa mais cedo, escrevi este texto e ainda vai sobrar tempo pra começar a ler meu novo livro antes de apagar na cama.

P.s.: Não quero que meu leitor deixe de ver este filme só por minhas palavras. Quero que ele mande matar o filadaputa que fez essa bosta e peça a cabeça do viado que escreveu a sinopse.

P.s.2: Se mesmo assim, queser ver. Lembre-se de tomar um ácido. Não um "doce" como os de hoje. Um bom e velho LSD mesmo. Porque só muito licérgico pra aguentar aquilo.

P.s.3: Eu recomendo Missão Impossível III sem nem ter visto. Ainda.

(eu)

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