Desde que deixei a infância real – hoje estou na infância mental – pra trás e, com ela, aquela ansiedade por presentes, que não marco mais estas datas como Natal e Aniversários. Meu aniversário este ano então... se não fosse minha namorada, nem me lembraria do dia!
Mas ontem percebi uma coisa, na verdade outra coisa. A primeira que percebi foi a falta de “Natal” em mim. A outra foi em que o meu Natal adulto se transformou. Antigamente via o natal sobre a ótica de uma criança, ávida por presentes e esperançosa de boas festas, muita comida e primos. Rever, conversar, me atualizar com meus primos.
Hoje o Natal ficou diferente. Ficou consumista e solitário. Ficou com cara de shopping. Com muitas luzinhas piscando, Green Sleaves tocando, gente conversando, embrulhos ... embrulhos ... embrulhos ... e um milk shake de Ovo Maltine depois do sanduíche.
Estranho pensar o Natal assim. Estranho pensar que natal é época de votos, de renovar, de renascer e ... gastar?
Bom, pode ser que sim. Pode ser que este seja apenas mais um texto existencialista sobre a crise natalina dos trinta que invade os pré-balzaquianos. Pode ser que só esteja com remoço ao pensar no meu cartão de crédito.
Mas aí saio do shopping e vejo, como todo dezembro em Belo Horizonte, muita chuva e gente na rua. Em grandes caixas de papelão. Gente iluminada pelas mesmas luzinhas piscantes que faziam a minha alegria, mas que agora apenas realçam, pra mim, a miséria destas pessoas.