segunda-feira, 16 de julho de 2007

Meu lugar especial.

Escreví este texto em homenágem ao Stadt Jever, um bar alemão aqui de BH que frequento sempre ... texto escrito em 21/07/2006

Vocês têm algum lugar especial? Um bar, um parque? Um lugar que você goste de ir e que vai sempre que dá? Pois eu tenho um. O Stadt Jever.

O Stadt Jever é um bar alemão, fundado por um cidadão de Jever – pequena cidade do norte da Alemanha. Fica em Belo Horizonte e já passa dos 13 anos de existência. E porque lá é tão especial assim pra mim? Aprendi a beber no Stadt Jever. Aprendi a namorar no Stadt Jever. Aprendi a passar mal no Stadt Jever. Aprendi a cheirar rapé no Stadt Jever. Aprendi a fumar charuto molhado no whisky no Stadt Jever. O Bar foi minha escola de vida.

Freqüento o Jever desde que tinha meus 15 anos. Na época, meio da década de 90, o bar era um dos muitos que não estavam nem aí se estavam vendendo bebida para um moleque de 12 anos para um senhor de 80. A lei e a fiscalização eram bem mais complacentes. Cenário perfeito para um jovem metaleiro exercer toda sua fúria. Na adolesc6encia queremos mais é nos consumir e consumir o mundo o mais rápido possível. E grande parte deste meu consumo foi no lá.

Pra quem não conhece, o Jever é um bar curioso. Fica instalado em uma grande avenida da cidade, abaixo de uma suntuosa casa onde mora seu proprietário. Suas lendas e coisas pitorescas são muitas. Chegando lá, você passa pelos portais de madeira e já começa a ser envolvido num ambiente barulhento e frenético. Mesas, mesas e mais mesas. Mesas gigantes para turmas gigantes, mesas minúsculas para casais. Mesas com sofás para folgados e tamboretes para os atrasados. O bar está sempre cheio. Do Seu lado esquerdo, duas mesas-balanço para os mais balançados. Em frente a mesa do Elvis. Fotos, bustos e um fonezinho de ouvido pra você se esbaldar com os principais hits do Rei do Rock. No fim da entrada a mesa dos pintos. Uma mesinha de 2 lugares com um vitral muito curioso. Estatuas de corpos hermafroditas com seios e pênis a mostra. Coisas do alemão! Mais pra dentro o enorme balcão com seus assentos, muitas garrafas de bebidas clássicas – inclusive a desejada cerveja artesanal de Jever. Todos que freqüentam ou freqüentaram o Jever alguma vez na vida quiseram beber desta cerveja. E assim o bar vai se estendendo em curvas e corredores com mesas, fotos da cidade de Jever, relógios que andam pra trás e homens correndo no teto. No alto do Balcão a saudação avisa: Proust Proust. ... saúde meu caro! E vamos ao chope.

O bar abre de segunda a sexta e sempre tem gente degustando o delicioso chope Brahma e seus típicos pratos alemães – sempre escritos em Português e Alemão - . Joelho, Salsichão com Curri, Eisbain (não sei como escreve) e Batatas com Gulash. E que tal um submarino? – Chopp com
Steinhaeger - Sempre cai bem. Quatro te derrubam. Nos corredores, muita gente nova e muita gente velha. Turmas sempre aparecem por lá. Aniversariantes, visitantes, viajantes e os andarilhos. Seu balcão sempre tem espaço pra uma conversa fiada com Thomas – o barman alemão – ou com a Claudinha – bartender filha do Alemão (o Dono).

Os garçons são uma história a parte. Tem o Vô e sua eterna gota a incomodar. O Jão e sua simpatia – o melhor brinde sempre vem dele – O Zé e sua cabeça fraca – sempre esquece ou troca alguma coisa no pedido – e o Germano com seus tradicionais óculos quadrados, sua careca lustrosa e suas sobriedade Britânica. Parece um Inglês de nome alemão. Tem ainda o André, gerente geral e figura pitoresca do bar. Sempre a andar nos corredores, ele regula o tempo dos vendedores de rua lá dentro, controla a porta, ajuda no balcão e sempre tem tempo pra bater um papo com os conhecidos. Se for sobre música clássica então... ele esquece até da vida. O André também é o responsável por dar mais qualidade à Jukebox do Jever. Ele que escolhe os discos que entram e os que saem. Até nisso o bar tem a minha cara. Uma excelente seleção de rock’s clássicos, boa MPB, Musica Clássica, Temas de Filmes e só um pouquinho de porcariada comercial.

Esse é meu cantinho especial. O Stadt Jever. Um lugar pra se namorar, pra conversar, pra encontrar ou pra beber. E muito! Porque ir no Jever e não tomar uns 12 chopes com muito colarinho e comer um delicioso salsichão defumado é como ir no Mineirão e recusar um tropeiro. Se gostou do bar, venha tomar uma comigo lá! Com certeza vou estar marcando um lugar pra gente no balcão.